O Programa CT Verde foi criado e oficializado em 2010, através da Portaria nº 47 / 2010 pelos Programas Ambientais do Centro de Tecnologia da UFRJ, tendo como principal objetivo o gerenciamento, a ampliação e a conservação de áreas verdes no Centro de Tecnologia. Entretanto, foi extinto em 2013, retornando às suas atividades em outubro de 2015. Desde então, a comissão encontra-se em reuniões mensais, de forma a levantar problemas e possíveis soluções relacionados às áreas verdes e de convivência no CT.
A sugestão de um projeto paisagístico baseado na agrofloresta voltado para os entre blocos do CT foi levantada na primeira reunião do CT Verde pelos integrantes do Projeto de Extensão MUDA (Mutirão de Agroecologia e Permacultura). A comissão concordou com a proposta e deu início ao projeto, elaborando seus estudos, e submetendo-os aos devidos responsáveis pelas aprovações de cada etapa.
Os jardins entre blocos são grandes áreas arborizadas, com fins de ventilação e iluminação natural, porém pouco usadas. Escolheu-se, como piloto, a realização de um diagnóstico e projeto experimental no jardim entre os blocos C e D. O projeto objetiva transformar o espaço, a partir do manejo agroecológico, em um ambiente agradável, diversificado, produtivo e acessível, denominado Jardim Agroflorestal. Esse projeto integra um projeto maior denominado ABC da Permacultura, que visa tornar as áreas verdes espaços produtivos e agradáveis e o Centro de Tecnologia um local de referência em sustentabilidade e capacitação em Permacultura.
Metodologia
Foi realizado um inventário da flora local onde foi diagnosticada a presença de um Ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus), uma Goiabeira (Psidium guajava), uma Paineira (Ceiba Speciosa), um Abacateiro (Persea americana), 6 Figueiras (Ficus sp.), aproximadamente 10 Sombreiros (Clitoria fairchildiana) e 8 Albízias (Albizia Lebec). Os Sombreiros e Albízias por serem espécies leguminosas pioneiras de adubação verde, apresentavam quadro de senescência, devido à idade avançada, pouca radiação incidente e muito tempo sem podas de renovação, além de grande densidade populacional devido ao caráter invasivo dessas espécies. Tal quadro reflete em aspectos negativos, tanto em termos estéticos como produtivos, devido à estagnação e baixa diversidade do sistema. Para permitir a renovação do sistema é necessário a incorporação de matéria orgânica e abertura de luz, por isso foi indicado que os sombreiros e albízias fossem podados e o material fosse picotado para ser incorporado nos canteiros, alimentando o solo. O Ipê, as Figueiras, a Paineira e o Abacateiro são espécies de ciclo longo e estágio sucessional secundário e se mostram saudáveis. Foram identificadas também pequenas mudas de frutíferas espontâneas.
A escolha de espécies a serem introduzidas na diversificação do sistema, seguindo os preceitos da agrofloresta, levou em conta não só as características fisiológicas das plantas, porte e ciclo de vida, bem como interesse econômico e ecológico da espécie para o sistema. Levando em conta a permanência das espécies de ciclo longo, Ipê-amarelo, Paineira, Abacateiro e Figueiras, e pensando em espécies que sejam apreciadas pela comunidade do CT, que tenham valor econômico, pedagógico e características fisiológicas adequadas ao ambiente, foram escolhidas quatro espécies como “carros-chefe” do sistema agroflorestal a ser implantado. Por serem espécies que toleram meia sombra e estão presentes em três produtos dos mais consumidos no CT, o chocolate, o café e a polpa de açaí com banana, foram selecionados o Cacau (Theobroma cacau), o Café (Coffea sp.), o Açaí (Euterpe sp.) e a Banana (Musa sp.). Tais espécies serão plantadas em espaçamento adequado à cada uma delas e ocuparão estratos (andares) diferentes na agrofloresta, sendo o Café no estrato baixo, o Cacau e a Banana no estrato médio baixo e médio alto, as árvores Ipê, Abacateiro e Figueira no estrato alto e a Paineira e o Açaí no estrato emergente. Podem ainda ser introduzidas, a fim de aumentar a diversidade, outras frutíferas de caráter florestal como a Jabuticaba, o Bacupari, o Camboatá, ou de borda como a Acerola, Pitanga, Limão, dentre outras. Haverá ainda a diversificação dos canteiros com introdução de espécies herbáceas ornamentais, medicinais e comestíveis, como a Colônia, a Cana-do-brejo, Erva Cidreira, Taioba, Inhame, Capim-Limão, Cosmos, Margaridão, Maria-sem-vergonha, Ora-pro-nobis, Trapoeraba, etc.
O Jardim Agroflorestal será um laboratório para projetos de agroecologia e afins, bem como um local de prática para a Engenharia Ambiental e disciplinas oferecidas pelo Centro de Tecnologia da UFRJ, ficando grande parte do manejo a encargo dos próprios alunos. Prevê-se que os demais interessados da comunidade acadêmica possam, da mesma forma, colaborar com a manutenção sob orientação de responsáveis pelo projeto nos mutirões de manejo. Há previsão de utilização da área em projetos de pesquisa em recuperação de áreas degradadas e produção de alimentos.